ATA DA CENTÉSIMA DÉCIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 28.09.1987.
Aos
vinte e oito dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e oitenta e sete
reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre, em sua Centésima Décima Sessão Ordinária da Quinta Sessão
Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos
foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu,
Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da
Rocha, Caio Lustosa, Clóvis Brum, Cleom Guatimozim, Flávio Coulon, Frederico
Barbosa, Getúlio Brizolla, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques
Machado, Jorge Goularte, Kenny Braga, Luiz Braz, Mano José, Nilton Comin, Paulo
Sant’Ana, Pedro Ruas, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray e Werner
Becker. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos
os trabalhos e determinou ao Ver. Kenny Braga que procedesse à leitura de
trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da
Centésima Nona Sessão Ordinária, que deixou de ser votada em face da
inexistência de “quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Jorge Goularte,
01 Projeto de Lei do Legislativo nº 96/87 (proc. nº 2129/87), que autoriza o
Executivo Municipal a construir Centros Integrados de Serviços Essenciais à
Comunidade em bairros e conjuntos residenciais; pelo Ver. Paulo Sant’Ana, 01
Projeto de Resolução nº 35/87 (proc. nº 2133/87), que dispõe sobre a doação, às
escolas públicas municipais, do papel utilizado nos serviços administrativos
desta Câmara para ser reaproveitado pelos estudantes carentes; pelo Ver. Rafael
Santos, 01 Indicação, sugerindo ao Sr. Governador do Estado uma fiscalização
rigorosa, através da Secretaria da Saúde e Serviço Social do Estado, da coleta
clandestina do lixo que está sendo utilizado para alimentação dos porcos. Do
EXPEDIENTE constaram: Ofício nº 3244/87, da Câmara Municipal de São João da Boa
Vista, SP; Ofício Circular nº 08/87, da Câmara Municipal de São Francisco de
Assis, RS. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Nilton Comin discorreu acerca do
Projeto Praia do Guaíba, destacando a necessidade de que o Executivo Municipal
apresente à Casa um quadro concreto das construções a serem realizadas na área
abrangida pelo mesmo. Questionou a aceitação do Projeto Praia do Guaíba pelo
setor empresarial que seria responsabilizado pelas construções, solicitando
informações acerca do interesse que já teria sido demonstrado pelos empresários
quanto ao projeto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Antonio Hohlfeldt criticou o
setor da Caixa Econômica Estadual responsável pelos financiamentos para
habitação, denunciando caso ocorrido com o Sr. Ricardo Pinto Porto, que teve
emitidas duas vias de pagamento no mês de agosto, sendo cobrado por atrasos que
não existiam quando, inclusive, ele já havia pago um valor acima de sua
prestação real. Ainda em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Mano José falou sobre
convênio existente entre o Município e o Governo do Estado para o setor
educacional, segundo o qual o Estado se responsabilizaria pela construção e
manutenção dos prédios escolares e o Município responderia pelas necessidades
de pessoal. Lamentou o não-cumprimento deste convênio pelo Estado, salientando
a situação precária em que se encontram os estabelecimentos escolares em Porto
Alegre, o que tem acarretado graves riscos para a comunidade estudantil e
solicitando do Pref. Alceu Collares medidas para a alteração deste quadro. Lamentou
que o Projeto Constituinte não garanta a reforma tributária tão importante para
um verdadeiro desenvolvimento dos municípios brasileiros. O Ver. Adão Eliseu
teceu comentários sobre os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, em
especial no que tange à forma como é tratada a Polícia Militar pelo Projeto
Constituinte e seus Substitutivos, analisando o significado desta instituição
para o País. Salientou que a retirada da função preventiva da Polícia Militar
acarretará no seu uso apenas como instrumento de segurança política e interna e
sua extinção como elemento de policiamento de ruas. Ainda em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, a Ver.ª Teresinha Irigaray discorreu acerca do policiamento da Cidade,
destacando a pouca segurança pública existente e questionando os estudos
realizados pela Assembléia Nacional Constituinte quanto ao assunto. Comentou
denúncia feita na reunião Câmara e Comunidade, da Vila Restinga, acerca de
assalto ocorrido em colégio local, quando, apesar da Brigada Militar possuir
três viaturas, elas não se encontravam em condições de serem usadas pelos
policiais. A seguir, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos
Vereadores Isaac Ainhorn, Frederico Barbosa, Antonio Hohlfeldt, Paulo Sant’Ana,
Aranha Filho e Hermes Dutra, acerca dos horários das Sessões Solenes e das
reuniões das Comissões Permanentes da Casa. Ainda, o Ver. Isaac Ainhorn
solicitou a alteração do horário das Sessões Solenes da Casa, das dezesseis
para as dezessete horas. Na ocasião, o Sr. Presidente informou que seria, na
medida do possível, alterado o horário das Sessões Solenes da Casa, conforme
solicitação feita pelo Ver. Isaac Ainhorn. Ainda em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver.
Pedro Ruas registrou a entrega, pela Casa, amanhã, do título honorífico de
Cidadão Emérito ao ex-Senador Luis Carlos Prestes. Discorreu sobre o rompimento
do acordo PMDB/PFL de sustentação do Governo Federal, destacando ser este um
momento de definição das forças que detêm o poder no País. Falou sobre
discussões que vêm sendo realizadas quanto ao sistema parlamentarista ou
presidencialista de governo a ser adotado no Brasil, declarando ser adepto do
presidencialismo e comentando a necessidade de um maior esclarecimento da
população acerca destes dois sistemas. Disse não existir, na prática, coerência
entre as lutas pelo parlamentarismo e pelas eleições diretas para a Presidência
da República, analisando o assunto. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Raul
Casa falou sobre o rompimento do acordo do PFL com o PMDB, comentando a maneira
perplexa como vem sendo assistida, pela população, a disputa por cargos da
cúpula daqueles dois partidos. Afirmou o inconformismo de sua Bancada com o
assunto, dizendo que ela não pactua com esta situação e não deseja qualquer
participação no Governo Federal. Finalizando, declarou que um rompimento com o
Partido que dá sustentação ao Governo sem a entrega de cargos é, no mínimo,
incoerência e não honra as tradições políticas do PFL. O Ver. Jorge Goularte
teceu comentários sobre a escalada de violência em nossa Cidade e os problemas enfrentados
pela Brigada Militar pelos seus parcos recursos para fazer frente a essa
incidência de crimes que cada vez mais assola Porto Alegre. Destacou a
necessidade de um policiamento preventivo e mais ostensivo das polícias civis e
militares, para que a Cidade possa ser um lugar mais seguro para a população. O
Ver. Hermes Dutra falou sobre notícias veiculadas pela imprensa, de que o
Presidente José Sarney sondaria o PDS com vistas a formar a sua base
partidária, dizendo que no seu partido é quase unânime o repúdio ao Governo
Federal e que não será apoiada nenhuma medida tomada pelo Governo José Sarney.
Enfatizou que o PDS, a nível nacional, posiciona-se como opositor do atual
Governo Federal. E o Ver. Clóvis Brum criticou o convênio firmado entre a Prefeitura
de Porto Alegre e a Corsan, através do Projeto Rio Guaíba, dizendo que o mesmo
vem prestando um desserviço à Cidade. Falou sobre as toneladas de esgoto que
são lançadas no Rio Guaíba, sem qualquer espécie de tratamento. Classificou
como ilegal as cobranças de taxa de esgoto feitas pelo DMAE, em vista deste
serviço não estar sendo prestado por não existirem estações de tratamento de
esgoto, dizendo que examinará a disposição de ingressar na Justiça contra estas
cobranças. Durante a Sessão, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos
Vereadores Werner Becker, Isaac Ainhorn, Clóvis Brum, Caio Lustosa e Luiz Braz,
acerca do registro da presença dos Senhores Vereadores nas Reuniões das
Comissões Permanentes da Casa; dos Vereadores Werner Becker, Aranha Filho,
Paulo Sant’Ana e Clóvis Brum, acerca do registro das presenças dos Senhores
Vereadores durante as Sessões Ordinárias; dos Vereadores Werner Becker, Aranha
Filho e Rafael Santos, acerca da não-existência de registro, no espelho da
presente Sessão, do material a ser votado durante a Ordem do Dia; do Ver.
Clóvis Brum, acerca da regimentalidade do transcurso do período de Pauta quando
não existir “quorum” para a Ordem do Dia; acerca do art. 71 do Regimento
Interno; do Ver. Paulo Sant’Ana, acerca do art. 100 do Regimento Interno. Na
ocasião, o Ver. Aranha Filho informou que o Ver. Ignácio Neis estava ausente
porque, ao ver que no espelho não estava registrada a Ordem do Dia, saiu para
uma reunião com o Prefeito Municipal. Ainda, o Sr. Presidente deferiu Requerimento
oral do Ver. Werner Becker, solicitando cópias das Atas do mês de agosto das
reuniões das Comissões Permanentes da Casa. Ainda, por solicitação do Ver.
Werner Becker, foi efetuada nova verificação de “quorum”, registrando-se as
presenças dos Vereadores Aranha Filho, Caio Lustosa, Isaac Ainhorn, Cleom
Guatimozim, Clóvis Brum, Kenny Braga, Hermes Dutra, Flávio Coulon, Luiz Braz,
Paulo Sant’Ana, Rafael Santos e Werner Becker. Constatada a inexistência de
“quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezesseis horas e cinqüenta
e oito minutos, nos termos do parágrafo único do art. 71 do Regimento Interno,
e convocou os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha,
Teresinha Irigaray, Luiz Braz e Mano José, o último nos termos do art. 11 § 3º
do Regimento Interno, e secretariados pelos Vereadores Frederico Barbosa,
Jaques Machado, Werner Becker, Paulo Sant’Ana e Clóvis Brum, os três últimos
como Secretários “ad hoc”. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
Passamos ao
Está com a palavra o Ver. Nilton Comin.
O SR. NILTON COMIN: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. A época do cheque em branco, do bilhetinho que ia para o
estabelecimento bancário, e lá se pagava uma determinada importância, terminou
completamente. E esta Casa, na semana passada, deu uma demonstração de planos
de intenções, plano de viabilidade precisa algo mais, precisa credibilidade, e
credibilidade é contato técnico, não se aplica mais cheque em branco, porque o
banco não paga mais. As boas intenções, nós entendemos que existem, mas ao lado
das boas intenções deve S. Exa., o Sr. Prefeito, trazer algo mais, porque um
plano colorido, apresentado aqui nesta Casa pelo arquiteto Debiagi, um plano
muito bonito, ele tem que especificar, exatamente, o que ele quer. É um hotel?
É um hotel. Onde vai ser o hotel? Vai ser em tal lugar. Qual é o nome do hotel?
E depois as intenções, S. Exa., o Sr. Prefeito, de aplicar 20% em saneamento
nas vilas básicas, são intenções ótimas. Mas dentro da viabilidade prática, 20%
de quê? De hotel?
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Queria dar os meus cumprimentos a V. Exa. pelo
pronunciamento de V. Exa. e dizer que ele vem num momento muito oportuno,
porque esta Casa votou sexta-feira o nada, uma intenção sobre não sei o que
para uma finalidade também indefinida. Parece-me que V. Exa. coloca muito bem.
Vai ser um hotel? Muito bem. Quantos andares? Vai ter postos de gasolina?
Quantos serão? Os edifícios, quantos andares terão? Qual o comprometimento
desta área com a ecologia? E ecossistema da área? Parece-me que foi algo muito
importante, foi uma vitória do bom senso porque nós votamos sozinhos sem a
Bancada do Poder Executivo. E cumprimento V. Exa. pelo pronunciamento porque me
somo a ele integralmente.
O SR. NILTON COMIN: Sou grato a V. Exa. e devo
dizer que às vezes procuro entender o Prefeito.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, por falar no que o Ver. Jorge Goularte
falou na sexta-feira, gostaria de prestar minha solidariedade à Bancada do PDT
nesta Casa em relação aos boatos de que o Prefeito tenha vindo sexta-feira à
tarde para chamar a atenção, para puxar a orelha deles, para dizer que eles
devem ser mais atentos, para ajudar mais. Quero prestar minha solidariedade aos
colegas do PDT, o Prefeito não tem razão nenhuma nesse caso, se assim ele falou
nesta reunião, se ele puxou a orelha deles, ele está absolutamente injusto com
esta Bancada tão laboriosa aqui presente quase maciçamente nesta tarde de hoje,
e presto então minha solidariedade. O Prefeito se assim agiu conforme os
corredores da Casa todos diziam, foi uma grande injustiça que ele fez com a
Bancada do PDT.
O SR. NILTON COMIN: Sou grato a V. Exa.
O Sr. Getúlio Brizolla: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O Prefeito Alceu de Deus Collares não veio puxar
orelha de ninguém. Ele veio dialogar com a sua Bancada. Obrigado.
O SR. NILTON COMIN: Sou grato a V. Exa. O que
eu quero dizer que se o nosso nobre Prefeito tem convicção clara do seu
projeto, ele deveria apresentar os primeiros projetos a esta Casa. Porque
apresentando os primeiros projetos, todos os Vereadores, de todas as Bancadas
teriam condições de colaborar com S. Exa.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas para dizer a V. Exa. que foi súbita e estranha
a reunião da S. Exa., curiosamente depois de termos devolvido o projeto Rio
Guaíba para S. Exa. Quero dizer a V. Exa. que acho oportuno e até muito
democrático e civilizado que o Sr. Prefeito venha aqui, como virá amanhã de
manhã, Vereador. Virá aqui amanhã de manhã para conversar com a liderança da
Casa. Eu apenas acho que S. Exa., que faz um esforço muito grande, não tem
encontrado o mesmo entusiasmo nos escalões inferiores da sua administração que,
realmente, estão deixando muito a desejar. Muito obrigado.
O SR. NILTON COMIN: Sou grato a V. Exa. pelo
aparte. O que está parecendo, a todos nós, Vereadores, e à cidade de Porto
Alegre, é que o nosso Prefeito não conseguiu vender nada do seu Projeto, porque
se ele conseguisse vender alguma coisa, ele traria o Projeto a esta Casa.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Nilton Comin, a quem eu tenho uma grande
estima, e V. Exa. sabe disso, porque V. Exa. é um Vereador que se caracteriza,
acima de tudo, pela preocupação com os interesses da cidade, que se sobrepõe
aos meros interesses partidários. E é por essa razão que divirjo de V. Exa.
porquanto entendo que, realmente, o Projeto Praia do Guaíba é um Projeto da
maior importância para a cidade de Porto Alegre. E entendo mais: que houve, de
parte da comunidade de Porto Alegre, em mais de 50 reuniões havidas, onde houve
a exposição desse Projeto, uma grande receptividade. Eu diria que os segmentos
que questionaram o Projeto Praia do Guaíba são minoritários frente à grande
maioria de segmentos sociais da sociedade civil, que se colocaram totalmente
favoráveis ao Projeto. E digo mais: me causa estranheza o procedimento
democrático - diga-se de passagem - desta Casa, em solicitar esclarecimentos ao
Prefeito em relação ao presente Projeto. Agora, quando há um posicionamento da
Auditoria com relação a qualquer Projeto em que questionam algumas questões, a
praxe desta Casa tem sido no sentido de se ouvir a Comissão de Justiça para,
depois, se ter um posicionamento definitivo do Plenário da Casa. Mas, eu me
submeto, democraticamente, à decisão, embora não seja majoritária, da maioria
simples da Casa presente à reunião daquela manhã de sexta-feira. Muito
obrigado.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em cima do que disse o Ver. Isaac Ainhorn: se fosse
um Projeto, tudo bem, acontece que não houve Projeto nenhum. Há uma intenção.
Agora, vindo o Projeto, nós vamos discuti-lo, nós vamos analisá-lo, a volta
desta intenção a sua base se deve ao fato de não dizer nada. Não é nem um
pré-Projeto, nem um esboço, é uma intenção e de boas intenções o inferno está
cheio.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu quero dizer a V. Exa. o seguinte: casualmente
hoje, pela manhã, me encontrei com o Prefeito na saída da Prefeitura. Ele achou
altamente positivo o Pedido de Informações, democrático e vai, realmente,
respondê-lo de acordo com o interesse da municipalidade. Ele não ficou,
absolutamente, constrangido, pelo contrário achou altamente positivo o Pedido
de Informações do Ver. Antonio Hohlfeldt.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador Comin, eu acho oportuno nós mantermos
esta discussão exatamente porque eu tenho dito com muita clareza que tenho
discordâncias quanto a maneira pela qual se faz o encaminhamento, não tenho
discordância quanto a necessidade de se resolver questões em torno da Praia do
Rio Guaíba como tal. Entendo, realmente, me preocupava como instituição que nós
acabaríamos dando um cheque em branco e acabaríamos sendo co-responsáveis por
eventuais equívocos que surgissem no Projeto futuro, porque com a aprovação
disso que estava na Casa nós na verdade não aprovávamos nada e ao mesmo tempo
aprovávamos tudo por antecipação. Eu queria, apenas, contestar o Ver. Isaac
quando diz que o Prefeito está mantendo uma discussão democrática no assunto.
Gostaria de registrar, mais uma vez, que a discussão ao menos no âmbito interno
da Prefeitura é tão democrática que a Arquiteta Eliane Justi da SMOV como
discordou do Projeto foi transferida e como o Economista Paulo de Oliveira da
SPM discordou do Projeto, também, foi transferido. Bota democracia nisso.
O SR. NILTON COMIN: Sou grato a V. Exa.
Agora, me parece que passou a época do cheque em branco do plano de
intenções. Nós temos que ter algo de concreto nesta Casa. Esta Casa apenas
demonstrou que quer saber e quer discutir um tipo de Projeto. Dos inúmeros
projetos que compõem o Projeto Praia do Guaíba, Praia de Belas, entendo eu que
deva ter um projeto detalhado. E eu, até agora, não conheço este Projeto
detalhado.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero esclarecer que embora eu tivesse me abstido em
relação à retirada, porque tinha dúvidas de que esta seria a melhor forma.
Minha permanência permitiu o “quorum”. Mas quero dizer o seguinte: eu concordo
em número, gênero e caso. Não se trata de um projeto, se trata, no máximo, de
um lay-out. E não é incumbência da
Câmara aprovar lay-out. E de outra
parte eu duvido que o Dr. Matias Nagelstein, brilhante Procurador-Geral do
Município, tenha alguma responsabilidade sobre esta excrescência que foi
mandada para a Casa.
Veja V. Exa. que no bojo do Projeto, lá num art. tal, se cria um fundo.
Que os recursos do fundo estão num projeto de viabilidade que não são criados.
Quer dizer, é a primeira vez que eu vejo criar o fundo sem recursos. De outra
parte, tem um artigo no Projeto que diz o seguinte: “Este Projeto não será
feito com recursos públicos e sim com recursos privados”. E no art. 3º fala em
permuta por área construída, como se os terrenos da Prefeitura que forem
permutados sejam recursos privados. Eu até não sou contra, no fundamental da
idéia, de que esta área tem que ser usada. Vamos debater, aqui, as prioridades.
Mas dizer que não vão ser usados recursos públicos, é fazer pouco da
inteligência da Casa. Se vamos entregar terrenos, terrenos são da Prefeitura, são
recursos públicos. A não ser que o Prefeito já tenha entendido que terrenos da
Prefeitura sejam recursos privados.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu só queria fazer uma correção no que disse o Ver.
Werner Becker. É que ele disse que aquilo parece mais um lay-out. De maneira alguma, não chega nem próximo a um lay-out. Ele é mais um memorial
descritivo e mal feito.
O SR. NILTON COMIN: Bem, na verdade, se a idéia
é boa, e todos nós entendemos que a idéia é boa, tem que ser detalhada, porque
esta Casa para aceitá-la e para compreendê-la, ela tem que sofrer detalhamento.
E é isto que nós Vereadores desta Casa, queremos detalhamento até para entender
a idéia do Sr. Prefeito.
Agora, veja bem, quero me ocupar de um problema: 20% serão aplicados no
saneamento das vilas. Mas 20% do quê? Do projeto. Mas o projeto está orçado em
quanto?
O Sr. Getúlio Brizolla: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Meu amigo, Ver. Comin, o que se trata é colher, não
por estarmos no poder hoje, no sentido da Prefeitura, que está procurando
organizar para qualquer uma sigla partidária, o que não aceito, meu nobre amigo
e colega, é que quando um homem traça uma verdade venham desmentir esta
verdade. Alceu Collares está trabalhando para que os nossos filhos, nossos
bisnetos tenham este direito, porque o nosso hoje está sujo, porque pegamos lá
de baixo.
O SR. NILTON COMIN: Esta Casa quer colaborar
com o Sr. Prefeito, mas quer colaborar sem cheque em branco. Quer colaborar com
detalhamento de projeto, e que aqui, também, apresentar, algumas sugestões,
pois nesta Casa tem muitos ilustres Vereadores que são técnicos. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Liderança com o PT. Com a palavra, o Sr. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, pode ser um pouco inusitado o pedido de Liderança, logo no início
da reunião, mas estamos recebendo a visita do companheiro Ricardo Pinto Porto,
mutuário do BNH através da Caixa Econômica Estadual. E este pronunciamento, eu
peço, inclusive, a atenção do Ver. Flávio Coulon, como Líder do PMDB, pois se
refere à Caixa Econômica Estadual, dirigida pelo Dr. Wilson Vargas da Silveira.
O primeiro dado interessante é que ao pagar a prestação de maio deste ano, do BNH, através da Caixa, o Sr. Ricardo recebeu o valor de Cz$ 1.059,00 a ser pago. Pagou um dia antes do prazo de vencimento, está aqui o recibo, vencia no dia 29 de maio e ele pagou no dia 28 de maio. Mas, no dia 8 de agosto, ele recebeu um aviso de atraso da mesma prestação paga. Foi na Caixa com o seu recibo para mostrar que estava em dia. Então, entregaram para ele um outro recibo com o mesmo número da prestação, prestação 119, que não era mais Cz$ 1.059,00, era Cz$ 775,00. Isto está dentro da situação normal, todos os mutuários que em maio pagaram em dia, perderam dinheiro, porque o Governo Federal fez uma modificação nos critérios de pagamentos e, portanto, para todos nós, e eu me incluo nisto, inclusive, e não é através da Caixa, é através do Meridional, nós temos dinheiro para receber. Minha dúvida é se vão fazer correção monetária, juros, etc. Mas, enfim, o Ricardo foi lá e ficou claro que, na verdade, ele não só não tinha que pagar a prestação, como tinha dinheiro a receber. Isto no dia 9 de setembro. Agora, no dia 19 de setembro, emitiram, de novo, uma segunda guia de atraso no valor de Cz$ 775,00. Bota esculhambação na Caixa Econômica Estadual. Cobra duas vezes um mesmo atraso que não existe. Cobra duas vezes a mesma prestação que foi paga a mais, dentro do prazo.
Nós estamos aqui fazendo a denúncia. Vamos, inclusive, fazer o xerox
deste recebido e encaminhar ao Dr. Wilson Vargas. Pedimos a ajuda do Ver.
Flávio Coulon, como Líder do PMDB, e pedir que o Dr. Wilson Vargas dê uma
olhada nos seus setores, talvez pagando um pouco melhor os funcionários, talvez
mude as chefias. Vejam que está começando a haver um festival de
incompetências. Na CRT, entra-se numa greve por incompetência do Presidente que
atua contra as decisões do Secretário; o ex-Sen. Alcides Saldanha tinha uma
orientação com relação à questão do CRT, mas o Presidente resolveu ser mais
realista que o Secretário, deu no que deu: a greve. Na CEEE, temos o escândalo
do último mês em que se cobrou 40 dias ao invés de 30. Nos valores dos 40 dias,
trocou-se o nível de cobrança e o preço do KW hora. Deixou-se de pagar o
KW/hora residencial comum e passou para o KW/hora industrial, o que,
evidentemente, deu um lucro enorme, segundo se calcula de mais de 40%; em termos
de economia popular, diria que isso é um roubo. O usuário acabou pagando mais,
deu um lucro à CEEE, pois ela não forneceu essa energia e recebeu o pagamento.
Entrou no outro nível de consumo. Agora, temos o problema da Caixa. Duas vezes
seguidas cobram do mesmo mutuário valores já pagos, sendo que, na segunda
ocasião, na verdade, em relação a essa prestação, existe dinheiro devido ao
mutuário e não a pagar. A Presidência da Caixa tem que tomar providências, não
só pedir desculpas ao mutuário, como devolver ao mutuário e dar um puxão de
orelhas na chefia do setor. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Mano
José pelo tempo que lhe cede o Ver. Paulo Sant’Ana em Grande Expediente.
O SR. MANO JOSÉ: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar nossos agradecimentos ao Ver. Paulo Sant’Ana pela
cedência de seu tempo a este orador.
Em 20 de março de 1986, encaminhava o Poder Executivo, para esta Casa,
o novo convênio a ser assinado com o Governo do Estado, dando-lhe o nome - e
este já tinha barbas brancas, porque era de 1949 - de “Nenhuma Criança sem
Escola”, e se inovava, na proposta do novo convênio, porque se invertiam as
posições, passando o Estado a construir as escolas e cedê-las ao Município, o que,
naturalmente, desde 05 de setembro de 1949, o Município construía e entregava
ao Estado, em forma de comodato. E esta Casa aprovou o convênio, em 19 de maio
de 1986, sendo que, além da inversão, a cláusula mais importante do convênio,
na ocasião da assinatura, e que deveria ser ressaltada, era a 8ª, que diz
exatamente o seguinte (Lê.): “No Exercício de 1986, emergencialmente, o Estado
substituirá 92 salas de aula, e ampliará 62 salas de aula, nas vinte e duas
escolas da rede estadual, constantes do quadro anexo de prioridades, bem como
repassará ao Município, em conformidade com o cronograma de desembolso, anexo,
que fica fazendo parte integrante deste convênio, os recursos necessários para
a construção de 96 salas de aula novas, na forma da cláusula 3ª. A cláusula 3ª
implicará na construção de prédios destinados a estabelecimentos de ensino de
1º grau, os recursos necessários, para atenderem à demanda de matrículas”. Pois
bem, aprovado o convênio por esta Casa, remetido posteriormente à Assembléia
Legislativa, foi ele aprovado e assinado então, entre o Governo do Estado e o
Município de Porto Alegre. Em conseqüência disto, o que tivemos? O maior
desastre, em termos de educação, para a cidade de Porto Alegre, porque, até
hoje, o Estado não construiu nenhuma escola, porque, até hoje, o Estado não fez
nada em matéria de escolas em Porto Alegre, haja vista a situação da Escola
Ildefonso Gomes, que está com o seu telhado em precaríssimas condições, em que
chove em todas as salas de aula, em que a biblioteca está escorada por um
caibro colocado no centro da mesma, a fim de que o telhado não caia em cima das
professoras e das crianças. E o Estado o que fez? Absolutamente nada. O que se
fez então em Porto Alegre? A Prefeitura recebeu, do Ministério da Educação, recursos,
no valor de, aproximadamente, 8 milhões de cruzados, e tem construído algumas
escolas. Mas é ao Estado que cabia construir as escolas, de acordo com as
necessidades e estas necessidades seriam apontadas por uma Comissão formada por
funcionários da Prefeitura e da SEC. Parece-nos que nem esta Comissão foi
formada até hoje e o Estado não fez nenhuma sala de aula e não passou para a
Prefeitura nenhuma sala de aula. Não fez nada, de acordo com o que se
comprometia no Processo. Ora, na ocasião em que se discutiu o convênio, nós nos
posicionamos contrários ao novo convênio, porque já tínhamos a experiência da
SMEC, onde o Estado, de acordo com o convênio anterior, recebia as escolas
feitas pelo Município e deveria fazer a manutenção das mesmas, mas não fazia
esta manutenção, deixando-a a cargo do Município e as Diretorias corriam de
porta em porta, em busca de auxílio, para que seus alunos tivessem pelo menos,
uma sala de aula onde não entrasse água; ninguém ignora que a maioria das
escolas de Porto Alegre são pavilhões construídos em 57-58 e que estão, hoje,
naturalmente, com a sua longevidade já esgotada; não há condições de ministrar
aulas nos velhos pavilhões existentes em Porto Alegre, e o Estado nunca
procurou conservar estas escolas, quanto mais construir novas escolas. O nosso
posicionamento, naquela ocasião, e hoje temos a prova de que estávamos certos,
a inversão do convênio foi extremamente danosa para a cidade de Porto Alegre, o
que lamentamos, em nome dos pais, dos porto-alegrenses que hoje buscam e não
encontram matrículas para os seus filhos.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de dizer que me somo a V. Exa. e que votei
contra também, na oportunidade, e dissemos que seria um mau negócio para o município,
e hoje está provado que foi um péssimo negócio aquilo que foi apresentado como
uma estrondosa vitória, mudança de relacionamento entre o Estado e Município.
Quero dizer que V. Exa. fala, se me der esse prazer, em meu nome, pessoal, e do
PL.
O SR. MANO JOSÉ: Agradeço o aparte de V.
Exa., e veja que hoje, pela manhã, nós escutamos uma entrevista de um Sr.
Deputado que havia acompanhado Prefeitos e Vereadores que foram até o Planalto,
ou melhor, até o Congresso, mais especificamente, para pedir algumas
alterações, para propor algumas emendas ao Projeto da Constituição, exatamente,
em favor dos Municípios, porque agora pretende-se mudar a sistemática, é que os
Prefeitos não mais irão a Brasília pedir, mas sim, ao Palácio Piratini, no RS,
pedir ao Governador. A nova Constituição quer isso, que agora os pedintes se
dirijam ao novo senhor, ao Governador do Estado e não mais ao Governo Federal.
Imagina, que o Estado que não cumpre aquilo que está escrito no convênio possa
dar dinheiro para Município para quê? Se não dá para a educação, se não faz a
educação, se não procura educar aquilo que é mais importante, dar o que é mais
importante para uma família, que é a educação dos seus filhos, dará dinheiro
para outras realizações? Acho que realmente, a Constituinte vai mal. Vai mal
quando procura desviar de uma reforma tributária para fazer com que o Município
tenha realmente a sua arrecadação e a sua receita, fazer com que esse Município
faça, tendo a sua arrecadação nos cofres, planejar uma administração e desenvolver
projetos de maior interesse da sua comunidade e não se interessa por uma
reforma tributária apenas busca fazer com que então os prefeitos das nossas
cidades, da nossa capital, inclusive, e das cidades do interior não mais viagem
a Brasília, mas os do interior venham à capital e da capital subam até a Praça
de Matriz para pedir ao Governador recursos para aplicar na educação e em
outros projetos de grande interesse da cidade.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas para registrar que com todas essas
dificuldades que V. Exa. assinala e que certamente recebeu, também como este
Vereador recebeu, o convite para a inauguração de algumas escolas e pavilhões.
Apenas para registro, em seu pronunciamento: convite para a inauguração das
instalações da Escola de 1º Grau José Loureiro da Silva, dia 07 de outubro de
1987 às 11 horas. Entrega e inauguração de um pavilhão na Escola de 1º Grau
Judith Macedo de Araújo, dando prosseguimento ao Projeto do Governo Municipal
“Nenhuma Criança sem Escola”, esta no dia 05 de outubro. E mais: ainda dentro
do mesmo espírito, a entrega e inauguração de um pavilhão na Escola Municipal
de 1º Grau Nossa Senhora de Fátima, dia 02 de outubro às 10h30min.
Veja V. Exa. que, a despeito de todas essas dificuldades, o Governo
Municipal inaugura uma escola e inaugura dois novos pavilhões como V. Exa. pode
atestar.
O SR. MANO JOSÉ: Eu gostaria que V. Exa. me
informasse apenas se esses pavilhões foram construídos pelo Governo do Estado
ou pelo Município.
O Sr. Isaac Ainhorn: Estou justamente
registrando que com todas as dificuldades, com todos os obstáculos, o Governo
Municipal inaugura dois novos pavilhões e uma nova escola. Eu não tenho,
inclusive, esse elemento, neste momento, para lhe responder se sem a
participação, e aí seria com muito maior mérito do Governo Municipal, ou se com
a participação. Mas oportunamente lhe prometo trazer este dado. Mas,
indiscutivelmente, se observa que com todos os percalços, com todas as
dificuldades, o Governo Municipal realiza uma obra educacional que, numa
situação como esta, nenhum outro município realiza.
O SR. MANO JOSÉ: Agradeço o parte de V. Exa.
Queria dizer a V. Exa. que o nosso posicionamento hoje é exatamente o mesmo do
ano passado, para demonstrar que realmente o Estado não é bom cumpridor daquilo
que assina em convênio, daquilo que é tratado, porque deveria repassar, naquela
ocasião, 30 milhões de cruzados para o Município, e ao que sei até hoje
repassou apenas cerca de 14 milhões e meios, não mais do que isto. Não repassou
o restante, não construiu aquelas alas que deveria construir, e não fez nada
pela educação de Porto Alegre, aliás, fez alguma coisa em prol daqueles que
administram a educação; está processando a diretoria do CPERS, está processando
um grupo grande de professores que foram recebidos no Palácio e lhes foi
oferecido cafezinho, chá e outras coisas mais, e, posteriormente, foram
acusados de terem invadido o Palácio, e por isto estão sendo processados.
Agora, é a primeira vez que se ouve falar que o dono da casa oferece cafezinho
e chá a invasores da sua casa. Até hoje, é o primeiro caso que ouço. Sei que o
processo continua e que os professores, a direção do CPERS estão “sub judice”
nesta altura dos acontecimentos ainda. Isto se faz depois de se ter pregado em
praça pública outras coisas. Agora realmente, efetivamente, em prol da educação
de Porto Alegre nada, absolutamente nada. E nós então da tribuna, agora,
pedimos ao Sr. Prefeito que use a clausula nona do convênio que diz
simplesmente o seguinte: “o presente convênio poderá cessar por denúncia de
qualquer das partes com aviso prévio de 1 ano”. Está na hora, portanto, de S.
Exa. o Sr. Prefeito denunciar o convênio por falta de cumprimento por parte do
Governo do Estado. É o que tínhamos a dizer. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
O Ver. Paulo Satte cedeu seu tempo ao Ver. Getúlio Brizolla que, por sua vez,
cedeu seu tempo ao Ver. Adão Eliseu.
O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ocupo-me deste tempo que em determinado momento foi cedido ao Ver.
Getúlio Brizolla num esforço de poder vir até esta tribuna para tratar de um
assunto que na sua totalidade não é do interesse do Município, mas é do
interesse de todo o Estado. E sendo do interesse de todo o Estado, tenho a
impressão que pode também interessar e fatalmente interessará ao Município.
Ocorre o seguinte, Srs. Vereadores. A nova Constituinte, os dois Substitutivos
da Comissão de Sistematização têm surpreendido a todos nós durante o dia, na
calada da noite pelas novidades, pelas inovações daquela área parlamentar no
que diz respeito a uma séria de coisas que interessam ao povo brasileiro.
Mudança do sistema de governo, tributação, todos estes assuntos que estão a
interessar também, e acima de tudo, ao povo brasileiro. Um outro problema,
também, que é muito polêmico e que poderá interessar aos Vereadores desta Casa
por ser polêmico e por ser do interesse do Estado do Rio Grande do Sul e de
todo o Brasil, e Porto Alegre não poderia ficar alheia, é o que está
acontecendo em relação às Polícias Militares do Brasil. Num determinado momento
da nossa História, ou em vários momentos da nossa História, as Forças Armadas
fizeram das Polícias Militares verdadeiros bois-de-piranha. Encarregadas não só
do policiamento ostensivo, repressivo e preventivo, ficaram também preocupadas
e inseridas no trabalho de repressão política. Enquanto as Forças Armadas
ficavam na retaguarda, as Polícias Militares estavam nas ruas a serviço
especialmente do Exército Nacional. As coisas, Senhores, estão mudando, e não
sei se para melhor ou se para pior, haja vista o que está acontecendo com as
Polícias Militares de todo nosso País. Observem que o 2º Substitutivo, do
Deputado Federal, Relator da Comissão de Sistematização, Bernardo Cabral, de
uma hora para outra modifica-o e cria um vasto problema para as Polícias
Militares de todos os Estados da Federação. Retira a expressão de polícia
“ostensiva e preventiva”; transfere a expressão “preventiva” para a Polícia
Civil. Não temos nada contra a Polícia Civil, somos até amigos de muitos
policiais civis, mas, ora, como é que se pode ser ostensivo sem ser preventivo?
Ora, o Policial Militar é ostensivo porque ostenta uma farda, porque é um
elemento dissuasor, a sua presença na rua, no campo, em qualquer lugar, está a
dissuadir o criminoso de pelo menos estar ali, nas proximidades. Ele ostenta
uma farda para dissuadir o criminoso a estar nas proximidades. Mas ele será
ostensivo e não terá função preventiva. Isto fará, Senhores, com que as
policias militares se recolham aos quartéis e fiquem lá mais do que nunca -
olhem o trabalho nesta Nova República em que coloca na Constituinte o
recolhimento das polícias militares. A Constituinte vai atirar as polícias
militares nos braços do Exército Nacional. Não tenho nada contra o Exército
Nacional, mas tenho muito a ver com a polícia militar. Ela vai passar, mais do
que nunca, a ser o instrumento de repressão política encarregada da segurança
interna e jamais encarregada de policiamento ostensivo, preventivo ou
repressivo. Parece muito sutil, mas é muito claro isto aí. Não restará mais
nada às policias militares senão a guarda de prédios públicos, a guarda dos
quartéis, enfim, não teremos mais o policial militar nas ruas, não só do nosso Estado,
mas de todo o nosso País. E a polícia civil vai ter que criar um segmento
fardado, criando mais despesas. Ora, no caso do Rio Grande do Sul, em que as
finanças estão meio falidas, criará mais despesas para o Estado e,
conseqüentemente, para o bolso do contribuinte. Parece Senhores, numa primeira
análise, que não é assunto de interesse da Câmara de Vereadores, interesse
municipal, mas, em última análise é, porque vai repercutir aqui em cada
Vereador, inclusive, que representam a maioria do povo porto-alegrense e que
nas suas andanças, no seu trabalho cotidiano recebe, também, pedidos de
policiamento aqui e acolá. Inclusive temos até uma proposta de proliferação de
postos policiais concomitantemente com outras providências por parte do Ver.
Jorge Goularte. Estas coisas, senhores, serão totalmente prejudicadas.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu queria dizer a V. Exa. que acho de extrema
validade o pronunciamento de V. Exa. E interessa, sim, à população de Porto
Alegre e de todo o Brasil. E acho que as pessoas que estão decidindo sobre esta
matéria - e até um Deputado do meu Partido, me parece, está envolvido com esta
tese - têm o meu repúdio. Eu acho que são pessoas que não conhecem o sistema de
policiamento militar e não conhecem a verdadeira função do militar,
especialmente do Rio Grande, onde a nossa Brigada, sesquicentenária Brigada,
presta um serviço relevante, não somente repressivo, ostensivo e preventivo. Em
todos os seus setores, em todos os seus segmentos, não pode ser tolhido o
movimento da Brigada. Não pode ser relegada ao segundo plano uma Corporação de
tão alta relevância para o nosso Rio Grande.
V. Exa. fala em meu nome e do meu Partido, enquanto eu for líder nesta
Casa.
O SR. ADÃO ELISEU: No decorrer do meu
pronunciamento eu ia chamar a atenção de V. Exa., Ver. Jorge Goularte, porque o
Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, Adolfo de Oliveira - e quase que eu crio,
aqui, uma cacofonia - do seu Partido, foi quem apresentou a Emenda. E eu
pediria a V. Exa., já que está de acordo com a nossa forma de pensar, com as
nossas colocações, que até telegrafasse, ou fizesse qualquer contato com ele
para retirar. Só para V. Exa. ter uma idéia, eu estou almoçando quase todos os
dias com grupos de oficiais e praças da Brigada Militar, em contato permanente
com todas as polícias de todo o Brasil. Não sei no que vai dar isto. A situação
é muito grave.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Permita-me, Vereador, mais um pequenino aparte. É que
nós já tomamos esta providência, hoje, por isso estou dizendo a V. Exa. que
mesmo que não seja vitoriosa a nossa tese eu permaneço contrário à decisão do
Deputado do meu Partido. Nós já tomamos esta providência hoje, de entrar em
contato com o Deputado Álvaro Valle para que ele entenda que este Deputado, não
sei qual é a profissão dele, não deve entender nada de polícia, especialmente
militar.
O SR. ADÃO ELISEU: Não entende nada, mas
entende de caixa 2, inclusive, não posso provar, porém cometi o deslize de
dizer isso da tribuna. Ele tem outros interesse para fazer isso. Todas as
polícias militares do Brasil já sabem disso. O Ver. Aranha Filho me recomenda
que retire o termo “caixa 2”e o retiro. Foi num ímpeto que disse.
O Sr. Jorge Goularte: Pode-se dizer que entende
de caixa federal.
O SR. ADÃO ELISEU: O Substitutivo de Bernardo
Cabral, no art. 162, § 2º, transfere a função de polícia preventiva, das
polícias militares do Brasil, de todos os Estados, para a Polícia Civil. A
Polícia Militar permanece com a função de policiamento ostensivo, passará nada
mais de ser, por assim dizer, guardas de prédios oficiais. Essa função nem a
Polícia Militar quer exercê-la, pois deseja permanecer no policiamento
ostensivo, repressivo e preventivo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Liderança com o PDT. Está com a palavra, a Vera. Teresinha Irigaray.
A SRA.
TERESINHA IRIGARAY: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao ensejo do pronunciamento do Ver.
Adão Eliseu, queremos acrescentar - numa liderança um pouco precipitada desta
Sessão, porque geralmente as lideranças são no término das Sessões -, algo que
nos deixa assombrados e perplexos. Referimo-nos ao que está acontecendo com
relação ao policiamento desta Cidade. Abrimos os jornais e constatamos os
crimes horrorosos que são praticados não só em vilas, como é o caso do crime
praticado contra uma menor, na Vila Pinto. Ela foi amordaçada, espancada,
violentada e morta por marginais. Esses crimes ainda estão impunes como é o da gang da Ramiro Barcelos, que até hoje
não há nenhum indício, nenhuma acusação, e nem um levantamento que a polícia
possa ter feito.
Pergunto, a Constituinte está aí para ser
promulgada, os constituintes estão trabalhando sobre a forma de segurança do
País, e a maneira como as polícias militares deverão intervir nas suas zonas,
em seus estados, em suas cidades. Mas até quando a violência, até quando
poderemos suportar este estado de coisas? Quando aqui, a poucos passos em
nossas vilas populares, a poucos passos da Protásio Alves, acontecem fatos
revoltantes como esses, uma menina de quatorze anos, que foi morta por
marginais e ninguém sabe nada, e não tem policiamento. E não são palavras
minhas, são palavras dos familiares, “aqui nesta vila não existe lei”. Não sou eu,
Vereadora, legisladora, que estou dizendo, é uma moradora da vila “até parece
que somos uns foragidos, aqui não existe lei, ninguém sabe nada, a polícia não
entra na vila e os marginais tomaram conta”.
Mas que tempos são esses? Mas o que está
acontecendo? E eu lembro que segunda-feira, na reunião Câmara e Comunidade, na
Restinga, e os Vereadores presentes devem-se lembrar, que houve uma denúncia,
uma grave acusação, que havia sido feito um assalto para menores, para as
meninas após a saída do colégio. E um menino denunciou: “aqui existem três
viaturas da Brigada Militar, mas na hora do assalto, uma estava com o guidom
quebrado, a outra com os pneus furados e a terceira estava sem gasolina”.
Então, o negócio não é brincadeira, Ver.
Hermes Dutra, o que está fazendo o Governo que permanece omisso e impassível?
Por que pretendem reformular trechos constitucionais, quando a verdade está na
nossa frente, a verdade está nos nossos olhos, nós é que não queremos aceitar?
O povo está dizendo que a polícia os trata como foragidos, que lá não existe
lei nas vilas populares.
Não existe nem nas vilas, nem nos bairros de
classe média. Simplesmente, a Polícia Militar, tão apregoada aqui da tribuna,
desapareceu, por incompetência, por descuido, por despreparo de governos incompetentes,
até reconheço. Também lembro, aqui, as denúncias de um jornalista, Rogério
Mendelski, que diz que a Brigada até está trocando os coturnos de um para
outro, porque não existe nem condições de terem sapatos. Mas, então, que
fechem, porque a continuar esta de assassinatos e assaltos, não há por que
continuar. Será que não existe alguém responsável por isto? E me passa uma
informação o Ver. Aranha Filho, que um assessor governamental informou à coluna
que o Coronel Gerônimo Braga, ao saber das dificuldades burocráticas na
concessão do reajuste da verba de risco de vida para os PMs, saiu do Piratini
bastante irritado. “Pensei que ele iria virar a mesa, se não fosse um
cavalheiro”.
Eu não quero dizer que a culpa é do
Governador, que a culpa é da Brigada que não tem condições, mas eu quero
ressaltar e eu quero alertar que o povo não pode continuar sendo massacrado,
Ver. Nilton Comin. Não pode continuar sendo assaltado, os menores têm que ter
condições na saída dos seus colégios. As meninas têm que continuar os seus
passeios. Só porque são meninas de Vila, não têm a segurança devida? E o menor
que ia subindo a Rua Ramiro Barcellos foi atacado por quatorze assaltantes para
roubarem jaquetas, documentos, dinheiro e outras coisas mais. Realmente, nós
não estamos vivendo uma época séria, isto aqui não é um país sério. É um país
que se preocupa só na saída ou não do Sr. Presidente, se é Parlamentarismo ou
se será Presidencialismo. E a segurança do povo? E o povo aonde é que fica? E
esta onda de violência vai continuar? Sinceramente, eu chego ao máximo do
alarme, quando eu abro um jornal e eu penso nos meus filhos, nos meus netos, eu
penso nos filhos dos meus amigos, nos filhos de vocês, Vereadores, todos nós
estamos sujeitos a uma tragédia desta, a uma conseqüência inevitável dessas,
que é de um governo que não dá segurança a seu povo, não dá condições de
tranqüilidade, não dá condições de paz, porque a sua política militar, a
polícia que é para garantir a lei, o respeito, a ordem, está, simplesmente, não
digo despreparada, mas sem condições para atender. E para fazê-lo, vamos dar um
jeito nisto, vamos resolver. Esta onda de violência tem que acabar, ou, senão,
iremos para conseqüências imprevisíveis e certamente inevitáveis. Muito
obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. ISAAC
AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, nós recebemos o calendário-cronograma das Sessões
Solenes do mês de outubro de 1987, e observamos que todas elas estão marcadas
para as terças e quintas-feiras, às 16 horas. E, dentro de uma tradição de anos
já, desta Casa, as Comissões Permanentes da Câmara de Vereadores se reúnem às
16 horas normalmente, às terças e quintas-feiras, nos termos e de acordo com o
Regimento Interno. Evidentemente, que não precisariam ser às 16 horas, mas o
Regimento prevê as terças e quintas-feiras. No entanto, por uma tradição já
longa desta Casa, e por um sistema já organizado dos Srs. Vereadores, essas
reuniões são às 16 horas, o que colide com as Sessões Solenes, que também são
às 16 horas. Veja V. Exa. que amanhã há uma Sessão Solene em homenagem ao Sr.
Luís Carlos Prestes, e é evidente que todos os Vereadores terão interesse de
estar presentes, e esta colide com a reunião da Comissão de Urbanização,
Transportes e Habitação, a qual este Vereador preside. Requeiro, então, para o
bom andamento dos trabalhos desta Casa, que todas as Sessões Solenes passassem
a se realizar às 17 horas, evidentemente que não a de manhã, que já está
próxima, há convidados e criaria dificuldades. Nesta Questão de Ordem eu
requereria, e tenho certeza de que conto com a boa vontade de V. Exa., no
sentido de que as Sessões Solenes da Câmara de Vereadores sejam realizadas às
17 horas, para não prejudicar o trabalho das Comissões Permanentes. Sou grato a
V. Exa., antecipadamente, na certeza de que V. Exa. dará uma solução plenamente
satisfatória, para o andamento dos trabalhos desta Casa.
O SR.
FREDERICO BARBOSA (Questão de Ordem): Gostaria de fazer um adendo ao que disse o Ver.
Isaac Ainhorn. Em primeiro lugar, tem sido constatado pelos membros da Mesa e,
inclusive, por V. Exa. a dificuldade de começarmos as Sessões Solenes às 16
horas, tendo em vista de que as Sessões de terças e quintas têm-se alongado um
pouco mais, inclusive até causando alguns constrangimentos, pois, às vezes,
temos pronunciamentos necessários e importantes dos Srs. Vereadores, e, o
Plenário já está lotado, por pessoas que muitas vezes já estão aguardando, há
bastante tempo, a homenagem para a qual, especificamente, vieram a esta Casa.
Em segundo lugar, dentro de pouco mais de vinte dias, dá ingresso o horário de
verão, ou seja, teremos mais tempo antes de anoitecer. Em terceiro lugar, as
pessoas chamadas para um evento a partir das 17 horas, principalmente aqueles
que representam autoridades e as próprias autoridades, terão oportunidade de
ficarem dispensadas a partir de 18/19 horas, com o seu horário esgotado, o que
não acontece hoje com o ir e vir a esta Casa, inclusive com atrasos,
prejudicando outros compromissos anotados em suas agendas.
O SR.
PRESIDENTE:
Srs. Vereadores, posso dizer-lhes que os Requerimentos encontram-se à sua
disposição e que muitos deles foram votados. Esta é a primeira questão. Até
mesmo foram votados atos da Câmara no Grande Expediente, que é um horário.
Quanto às Comissões, Ver. Isaac Ainhorn, V.
Exa. apanha muito bem. Há um conflito temporal aí. V. Exa. coloca que ele é um
direito costumeiro da Casa. Acho que os Presidentes das Comissões têm as 24
horas do dia para realizarem as sessões de comissões.
O SR. ISAAC
AINHORN (Questão de Ordem): Eu volto a insistir - e V. Exa. apanha muito bem - no fato de que é um
direito costumeiro. Há Vereadores aqui que têm 10/15 anos de mandato e já
organizaram suas vidas em termos de participarem das comissões permanentes às
16 horas. Evidentemente que o Regimento prevê às terças e quintas-feiras e não
diz a hora, mas a história desta Casa vem provar que às 16 horas é o consenso
de todos os membros desta Casa, ou quase todos. E digo mais, apenas para que se
defina, de uma vez por todas esta questão: Normalmente, quando se requer uma
Sessão Solene, ou se acerta com o Setor de Relações Públicas da Casa a entrega
de um título de Cidadão Emérito, nos Requerimentos não há a indicação do
horário. Este é posteriormente acertado com o serviço de Relações Públicas da Casa,
que também mantém uma tradição, de marcar à tarde, neste horário. Então, estou
procurando, e não estou nem formalizando através de Requerimento, que poderei
fazer, mas apelando para o bom senso da Mesa, para que se compatibilize o
horário do direito costumeiro da reunião das comissões, às 16 horas, e o
horário da realização das sessões solenes, às 17 horas, isso resolveria de todo
o problema que vem prejudicando sempre as comissões permanentes da Casa; eu não
vou pedir ao Ver. Sant’Ana que esteja em uma reunião da comissão dos
transportes, quando ele tem aqui o seu homenageado, ou mesmo que não seja
requerido por ele, mas simplesmente uma pessoa que ele queira homenagear,
exemplo disso, Plauto Cruz, quando aqui esteve presente; amanhã, mesmo, todos
os Vereadores das comissões querem estar aqui para assistir à sessão para Luiz
Carlos Prestes, e, mais uma vez, enfrentaremos o conflito dos horários. Por
isso, apelo, acho que a Mesa tem condições, com seu poder administrativo, sem
requerimento, de solucionar a questão.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT (Questão de Ordem): Querendo colaborar com V. Exa., e na mesma linha do
Ver. Isaac, até fui eu que levantava essa questão com o Ver. Isaac, sobre a
reunião de amanhã, e sobre todas as demais reuniões, um dia desses era uma
proposição do próprio Ver. Isaac e ele tinha que estar simultaneamente na
comissão e aqui; houve momentos, há alguns anos atrás, estávamos fazendo as
sessões solenes às 17 horas, depois acabou voltando para as 16h. Então,
objetivamente, sugeriria a V. Exa. que fizéssemos uma reunião da Mesa com as
lideranças para resolvermos o problema, e se modificaria o horário a partir
daquelas que ainda não foram expedidos os convites, pois ninguém será
prejudicado; quem já recebeu o convite, vamos manter o horário, e vamos nós,
das comissões, mantermos a organização. É muito mais fácil fazermos uma sessão
às 17 horas, para a Casa, para nós, Vereadores, para os convidados, para o
homenageado, então, me junto ao Ver. Isaac, neste Requerimento.
O SR.
PRESIDENTE: Ver.
Paulo Sant’Ana.
O SR. PAULO
SANT’ANA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, 17 horas é o horário ideal para as
Sessões Solenes, porque as pessoas que trabalham durante a tarde, não têm toda
a tarde desaproveitada: elas podem trabalhar até as 16h30min, e assistirem à
Sessão Solene às 17 horas. Além do mais, existe uma coisa que aconteceu na
última Sessão Solene quando cinco pessoas vieram me reclamar, porque a Solene
estava marcada para as 16 horas e começou às 17h. Se as Solenes começam às 17h,
por que não marcar para as 17h? Deste modo a Casa fica pontual em relação aos
convidados. Se marcamos para as 16h, as pessoas que têm compromisso
programam-se para as 16h e as Solenes só se realizam às 17h. Então, marquemos
para as 17 horas. Sou grato.
O SR. ARANHA
FILHO (Questão de Ordem): Deve esta matéria, que é pertinente, ser analisada pela Mesa e
Lideranças. Na Sessão Solene em homenagem ao Plauto Cruz, o Ver. Flávio Coulon
teceu alguns comentários sobre erros de programação e eu acredito que erro de
programação maior foi o de se fazer Plauto Cruz trocar de dia. Tem um fundo de
verdade em tudo isso, como disse o Ver. Paulo Sant’Ana, difícil é trazer o
homenageado e até convidados dentro do horário de expediente. Acredito assim
que esses horários devam ser reformulados.
O SR. HERMES
DUTRA (Questão de Ordem): Eu permitiria lembrar à Mesa que há um Requerimento de minha autoria,
há mais de dois anos, que determina que as Sessões Solenes, salvo acordo de
Lideranças em contrário, sejam realizadas às 17 horas. Requerimento apresentado
por este Vereador, aprovado pelo Plenário, mas que de tanto não ser cumprido,
este Vereador ficou rouco, inclusive está em tratamento para a garganta, de
tanto reclamar.
O SR.
PRESIDENTE:
Srs. Vereadores, foram ouvidas as várias bancadas com assento na Casa, para que
se passe para as 17 horas, em que pese ser opinião deste Vereador que todas as
Sessões deveriam ser às 18 horas. Há o Projeto de Lei que foi engavetado, mas
tendo em vista as manifestações unânimes para as 17 horas, as coisas poderão se
encaminhar melhor.
Com a palavra, o Ver. Pedro Ruas em Grande
Expediente.
O SR. PEDRO
RUAS: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Inicialmente, concedo o aparte ao Ver. Adão
Eliseu.
O Sr. Adão
Eliseu:
Queria fazer um registro quanto ao pronunciamento da Vera. Teresinha Irigaray,
que veio ao Plenário e instilou alguns venenos. Gostaria que ela estivesse
presente. Queria dizer que não sou nenhum guardião da Brigada Militar, sou um
Vereador como qualquer outro, mas como sou oriundo da Brigada Militar, sinto-me
na obrigação, às vezes, de responder às questões que são colocadas, quando elas
não são adequadamente colocadas. A Vera. Teresinha Irigaray, usando o tempo de
Liderança, não falou em nome do PDT, com referência à ausência de policiamento
ostensivo e preventivo, que falávamos há pouco, da Brigada Militar, em
determinados locais sobre os quais ela falou. O que se deve fazer, eu acho, é
criticar, mas criticar, acima de tudo, o Governo que não dá viatura, que não dá
condução, não paga bem o policial. Hoje, o policial vai para o seu posto a pé e
pegando carona por aí, devendo favores à população porto-alegrense - para
pessoas, para ônibus, pedindo carona. Então a situação da Brigada Militar é
precaríssima. A crítica é válida, mas não no tempo de Liderança, que daria a
impressão que ela estaria falando pela Bancada. Pelo meu nome, ao menos, não
está. Agradeço a gentileza de V. Exa. porque nem permiti que V. Exa. iniciasse
o seu discurso. Obrigado.
O SR. PEDRO
RUAS: Eu
concordo de minha parte com V. Exa. no que tange aos critérios de utilização do
tempo de Liderança nesta tribuna. Parece-me que, como V. Exa. bem coloca, esses
critérios não foram respeitados. Srs. Vereadores, a propósito da discussão
recente sobre Sessões Solenes, é sempre importante frisar, assim como fez o
Ver. Isaac Ainhorn, a importância da entrega do título que se fará no dia de
amanhã ao ex-Senador Luiz Carlos Prestes, a partir de amanhã Cidadão Emérito
desta Cidade. Se frisa o fato na medida em que ele transcende as fronteiras de
Porto Alegre e passa a ser na verdade um marco na história política deste País,
a partir do reconhecimento da militância da atuação desse grande nome da
política e da história do Brasil. Mas o que me traz à tribuna, Srs. Vereadores,
é comentar rapidamente o recente rompimento do acordo que havia para formação
da Aliança Democrática de sustentação ao Governo José Sarney neste País e que
agora tem com esse rompimento uma oportunidade única de haver uma definição
deste cidadão que se encontra neste momento à testa do Governo Federal
brasileiro e que mesmo com tamanha responsabilidade jamais se dignou a ter uma
posição política definida, quer seja com relação aos seus reais compromissos,
quer seja com relação aos Partidos que lhe dão apoio e sustentação no Governo Federal.
Em nossa opinião esse é o momento de definição do Sr. José Sarney e por
conseqüência, na atual conjuntura, de definição dos próprios rumos da sociedade
civil brasileira, a partir do momento de definição e da correlação e dar forças
que efetivamente detêm o poder neste País; de definição dos Partidos que são
hegemônicos no poder do Governo Federal; de definição, acima de tudo, do
sistema político que passa a viver esta Nação. Em nossa opinião, acrescentamos:
já era hora de acabar com essa farsa, na medida em que essa aliança, com o
único objetivo de eleger Tancredo Neves e, posteriormente, sustentar José
Sarney no poder, passa a ter o seu objetivo maior esvaziado quando as
contradições ideológicas, as contradições de nível político se acentuam e se escancaram
à vista de todos os brasileiros. Além disso, Srs. Vereadores, há um aspecto da
discussão que existe hoje no cenário político nacional que, por ter
importância, merece ser, pelo menos uma vez, discutido com um pouco mais de
profundidade nesta Casa, que é a questão, justamente, da discussão entre
sistema de governo, entre Presidencialismo e Parlamentarismo, que tanto tem
chocado políticos gaúchos e de expressão nacional e que tanto tem deixado em
dúvida todos os brasileiros. Aproveitamos este espaço na tribuna para colocar a
nossa posição, mesmo sabendo que, certamente, encontrará adversários nesta
Casa, encontrará contestação. Nos parece, Srs. Vereadores, que está havendo, em
tudo isso, uma falta de informação ao povo brasileiro. Quando se refere, por
exemplo, que o Movimento de Unidade Progressista, do PMDB, tem posição firmada
com relação ao Parlamentarismo, em geral, os adeptos desse sistema elogiam o
movimento e os que são contra, criticam o movimento por essa posição. Em nossa
opinião, há um equívoco nessa análise simplista. O Movimento de Unidade
Progressista do PMDB não deve ser criticado nem elogiado por essa posição; ela
é, simplesmente, uma posição com relação ao sistema de governo. O que há, isso
sim, é uma falta de informação que os segmentos da chamada ala progressista do
PMDB têm passado ao público brasileiro em geral, ao eleitor, ao brasileiro. Ao
brasileiro médio que, em geral, não tem obrigação de ter o conhecimento
específico do que significa na prática o presidencialismo, o parlamentarismo e
as contradições desses dois sistemas com o atual pedido de “Diretas-Já” no
Brasil. Vejam, Srs. Vereadores, se se quer neste momento a eleição direta de um
Presidente da República no Brasil, se quer, efetivamente, adotar um critério de
legitimidade do Poder constituído. Quando se pede eleições diretas se quer de
um lado a legitimidade de um poder que só é legítimo quando emana do povo e
esse não emana e se quer, ao mesmo temo, mudanças-já, na medida em que é
insuportável para todos, ou quase todos, a permanência de José Sarney no
Governo Federal. Bem, se é isto que se quer com eleições diretas já não cabe a
discussão sobre o parlamentarismo-já neste País, ou então deve ser colocado
claramente que se quer parlamentarismo já e não necessariamente diretas já, na
medida em que com a adoção do parlamentarismo neste momento fica secundária a
figura do Presidente da República pela diminuição natural dos seus poderes. Na
prática tanto faz se for José Sarney, Leonel Brizola, Ulysses Guimarães, etc. A
questão tem que ficar muito bem esclarecida para que não surjam enganos, e não
surjam oportunismos em relação a um movimento que tem uma história neste País
que é o movimento das diretas-já começado em 1984, malogrado em 1984 e que hoje
retoma as praças de todo o país com algum apoio popular. Quando se refere que
se quer o sistema Presidencialista e, portanto, as “Diretas Já” se está
efetivamente querendo uma troca de governante neste País, e uma troca com
amplos poderes para o governante. E para isso é importante que ocorra
efetivamente a eleição direta o quanto antes na medida em que só com eleições
diretas e só com manutenção do sistema presidencialista há efetivamente a troca
efetiva agora, dos próprios mecanismos de poder e colocação em pauta, na
prática, verdadeiramente, da legitimidade, para o supremo mandatário da Nação.
Então, Srs. Vereadores, para que não ocorram
dúvidas é muito importante que fique claro o seguinte: não se está aqui a
condenar, simplesmente, a adoção do sistema parlamentarista de governo em nosso
País. O que se está a fazer é esclarecer esta questão, ou seja, o
parlamentarismo, neste momento, para os que o defendem, independente da figura
do Presidente da República. Tanto faz se for com Sarney, com Ulysses, com
Brizola ou com Lula. O Presidencialismo não. Aí a figura do supremo mandatário
da Nação tem altíssima importância. Dá a medida, inclusive, do próprio sistema
de governo e coloca a todos nós a responsabilidade de, efetivamente, elegermos
um mandatário que vai mandar e não só ter um mandato de Rainha da Inglaterra.
Não se está a fazer a condenação,
simplesmente, do sistema parlamentarista. Se está a esclarecer o que ocorre em
geral como um engodo, porque para o Parlamentarismo não importa haver agora ou
depois a eleição direta do Presidente da República porque ele não vai governar.
E mais, se for dito pelos parlamentaristas que se quer o Parlamentarismo já,
existe legitimidade na proposta. Porém se disser que se quer diretas já com
Parlamentarismo já não há legitimidade. Quem vai governar é o Congresso
Nacional, aliás, com Deputados e Senadores que não foram eleitos para este fim.
O Sr. Jorge
Goularte:
V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, é por este
motivo que o PL prega que todos os cargos eletivos sejam extintos com a
Constituição nova e que haja eleições diretas, secretas e livres em todos os
níveis, com Parlamentarismo, por que não? Nada impede que se propague, aí é
diferente a tese, eu estou dizendo a V. Exa. algo completamente diferente.
Extinção de todos os cargos eletivos até a presente data, inclusive o meu, o
nosso. Eleições diretas em todos os níveis para que tenhamos um parlamentarismo
puro, sem vícios e nem máculas, e que os futuros constituintes tenham o poder
parlamentarista.
O Sr. Caio
Lustosa: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ouço-lhe com atenção, mas
noto que ela se perde na crença de que a simples eleição de um líder, digamos,
com o potencial popular e até carismático do Gov. Leonel Brizola vá ser capaz
de reformular toda a situação brasileira, que não é apenas formal em sistema de
governo parlamentarista ou presidencialista. Não será pela eleição de um
presidente com amplos poderes, sem uma base de sustentação partidária forte, e
veja a situação dos nossos partidos como é precária pela falta de conteúdo
ideológico. Esta aí toda essa crise estabelecida no plano nacional. Então, essa
discussão perde muito em conteúdo no momento em que não vejo uma proposta
programática, partindo do Gov. Brizola. Ele acena com o modelo australiano;
quando se coloca o socialismo, ele fala em um capitalismo atenuado e não há uma
definição ideológica. V. Exa. sabe que o poder que teve Getúlio Vargas, o líder
nacional de maior prestígio e poder neste País, ele mesmo não conseguiu se
manter diante da fragilidade de sustentação político-ideológica. Por isso, acho
que sua análise, ainda que tenha argumentos até convincentes, peca por isto:
acena com um “salvacionismo” que não vai ocorrer neste momento histórico. Não
vai ocorrer. Tancredo Neves, se estivesse hoje aqui, seria também nesta base de
contradições não resolvidas, que são coisas concretas. O povo não está
interessado em Parlamentarismo e Presidencialismo, está interessado em fazer
com que o salário suba de 2.000 para 18.000, como deveria ser hoje.
O SR. PEDRO
RUAS:
Agradeço o aparte de V. Exa. só que eu não acenei com esta possibilidade, pelo
menos hoje, não, nesta análise não fiz este aceno, não coloquei um sistema como
melhor que o outro. Só fiz a distinção clara entre os dois para efeito de reivindicação
de “diretas já” e quando se reivindica “diretas já” só me parece legítimo
reivindicar esclarecendo o povo para o que significa, e mais, para quem quer o
Parlamentarismo, pouco importa se haverá, se ocorrerão eleições diretas para
presidente, esta é a questão importante a ser esclarecida para a população
brasileira. Que não se confundam as coisas sob pena de estar-se iludindo o
povo.
O Sr. Caio
Lustosa:
Eu, por exemplo, sou a favor do Parlamentarismo, e sou a favor das “diretas
já”.
O SR. PEDRO RUAS: É verdade, V. Exa. é, mas
uma coisa não tem nada a ver com a outra.
O Sr. Hermes
Dutra: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só quero reforçar a V. Exa.
esta tese, eu, pessoalmente, como parlamentarista, fico feliz por ver este
pessoal se tornar parlamentarista de uma hora para outra, diga-se de passagem.
Mas, parlamentarismo com raras exceções, como é o caso da França e de Portugal,
que ainda é muito cedo para se dizer como está funcionando, ele é incompatível
com eleições diretas, porque quem governa é o partido político, não é o
Presidente da República. Então, o Presidente tem que ser um homem eleito pelo
Congresso, pois estará acima dos partidos políticos, porque aquele partido que
tiver maioria é que irá governar. Pessoalmente, eu acho que o PMDB tem que
governar, pois tem maioria hoje. Mas, esta história de querer eleger o
Presidente da República e Parlamentarismo me parece mais conversa, com todo o
respeito ao Ver. Caio Lustosa, me parece mais conversa demagógica.
O Sr. Adão Eliseu: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Me surpreende o conteúdo do aparte do Ver. Caio
Lustosa, a quem respeito muito, mas não posso entender, como uma cabeça como
esta, inteligente, capaz, pode pretender, pode querer eleições diretas para
Presidente da República e ser, ao mesmo tempo, parlamentarista. Realmente não
dá para compreender.
O SR. PEDRO
RUAS:
Agradeço os apartes e encerro, dizendo que esta discussão precisa ser levada
adiante, sob pena de se estar iludindo - e a História cobrará isso - o povo
brasileiro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. Raul Casa, pelo PFL, em tempo de Liderança.
O SR. RAUL
CASA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, a Nação tem assistido entre constrangida e, até
porque não se dizer, perplexa, a esta acirrada disputa da cúpula do PFL com o
PMDB, em busca de cargos.
Nós, pelo menos a maioria da Bancada do PFL,
desta Casa, oriunda do PDS, da ARENA, quando abrimos dissidência para formar um
partido que dissesse não a esse tipo de procedimento, de posicionamento, vimos,
hoje, repetir a mesma história.
A Bancada do PFL com assento nesta Casa, por
todos os seus integrantes, vem dizer à população dessa Cidade e a Direção do
seu partido, quer a nível estadual quer a nível federal, que protesta, que não
pactua, que não deseja qualquer tipo de participação num governo que é produto
e fruto de estelionato político. Governo que elegeu-se vendendo ao povo ilusões
através de um Plano Cruzado dirigido para a vitória eleitoral. Nós do PFL,
local, a Bancada do PFL com assento na Câmara Municipal de Porto Alegre, vem
por sua Liderança, e com a responsabilidade das implicações que isto representa
e das repercussões que isto possa ter, que não aceita a participação de nenhum
membro seu no Governo Federal, porque rompeu com o Partido que dá sustentação
ao Governo. E não se retirar dos cargos é de uma incoerência, de uma
indignidade e de uma postura que não honra as melhores tradições políticas e,
principalmente, dos políticos do PFL, honrados do nosso Estado.
Fica aqui, pois, pela palavra da Liderança do
PFL, o seu mais veemente protesto pelo tipo de conversações que vêm sendo
mantidas a nível federal no sentido de que este Partido, o PFL, se integre mais
na Administração do Sr. José Sarney. A Bancada do PFL, nesta Casa, pretende,
mais uma vez, reiterar através de mensagem a sua liderança nacional o seu
inconformismo, a sua indignação e a sua frustração, caso o Partido venha se
integrar neste Governo que, até hoje, não veio para dizer o que fazer com o
governo que mal administra. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Liderança com o PL. Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE
GOULARTE:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Porto Alegre continua a viver, como foi falado
pela Vera. Teresinha Irigaray, a ascensão do crime e da violência. Quando se
fala nesta Casa nas dificuldades por que passa a Polícia Militar do nosso
Estado e a Polícia Civil, quando se defende a atuação dessas corporações,
levando-se em conta que, como entidades, têm imensa maioria de bons - com
algumas pequenas restrições, como todas as categorias funcionais -, se recebem
críticas. Isso por defender essas instituições. Mas quando a população chega ao
ponto de clamar, como clama no momento, por mais segurança, aí se lembram da
Brigada Militar, de que está sem coturno, de que as viaturas estão sem as peças
necessárias, sem combustível, sem condições de policiamento, e aí é válida a
instituição, aí ambas as instituições são válidas, são necessárias, são
importantes, para a segurança da população. Ora, mais um jovem perde a vida de
maneira estúpida e brutal, executado por gang,
o que poderia ter acontecido a qualquer criança, a qualquer um dos nossos
filhos. Por isso e por outros motivos, é que tenho aqui insistido que a
segurança preventiva deve ser cada vez mais acentuada, e de maneira ostensiva.
Deve ser preventiva e ostensiva. E agora, quando hoje ingresso nesta Casa, após
um entendimento com o Prefeito Municipal a respeito do Projeto, pelo qual luto
há dois anos, de descentralização da saúde pública, das comunicações, dos
transportes, higiene, mais uma vez me convenço de que estou no caminho certo,
esperando que Porto Alegre tenha, pelo menos, um pouco mais de tranqüilidade na
sua periferia, nos seus bairros e no centro de Porto Alegre, para onde prego a
construção de guaritas de segurança nos quarteirões. Estas guaritas seriam
doadas pelos comerciantes e que dariam uma condição melhor ao policial, civil e
militar, bem como à população e aos turistas que nos visitam.
Espero, apesar de todos os problemas, que
tenhamos uma condição de vida melhor, com o incentivo à Brigada Militar e à
Polícia Civil, com o atendimento das condições mais elementares destas duas
instituições. Não é possível que não se reconheça que, apesar das dificuldades,
tanto a Brigada Militar como a Polícia Civil prestam relevantes serviços a
Porto Alegre. É claro que há muitas dificuldades. Mas eu pergunto: de que
maneira poderão ser solucionados os crimes aqui ocorridos, de que maneira podem
ser inibidas estas gangs que se
formam e que não são de filhos de pobres - o que contraria aquela tese de que é
o problema social que faz o criminoso -, pois, como eu tenho dito aqui, se
fosse assim todo pobre seria um criminoso em potencial. Mais uma vez é
comprovada a minha tese de que tem que haver policiamento preventivo e
ostensivo, para inibir criminosos que dizimam as famílias, que assaltam, que
matam, que estupram. E aí eu pergunto: é válida a Brigada Militar, é válida a
Polícia Militar? Num momento destes, em que uma família perde um filho, é claro
que acham que sim. Espero que nenhum de nós tenha que passar por uma
experiência triste destas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Liderança com o PDS. Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES
DUTRA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, quero manifestar um posicionamento da nossa
bancada com relação ao que se noticiou, no fim-de-semana, de que S. Exa., o Sr.
José Sarney, entabularia conversações, com o PDS, com vistas a formar a sua
base partidária. Nós, lamentavelmente, não podemos falar pelos nossos deputados
federais, até porque eles agem de acordo com a sua consciência; agora de nossa
parte, queremos dizer com absoluta clareza e absoluta tranqüilidade, e bato em
baixo da mesa, que queremos distância desse governo. Se S. Exa. está esperando
que o nosso partido, aqui no Rio Grande do Sul, fique ao seu lado, vai sofrer
uma grande decepção; não duvido que não tenha alguns companheiros, cuja posição
respeito, que eventualmente entendam de dar apoio ao Governo Sarney; agora de
nossa parte, apoiar isso que está caindo é demais; com que cara nós vamos nos
apresentar para as eleições do ano que vem, apoiando este governo? Já gastei a
minha cota, a minha cota de apoiar governo já gastou; o PDS, do RS, é um
partido que fez as suas convenções em 226 municípios, há 3 semanas atrás, e
mais outros municípios que estão faltando, tem mais de 900 Vereadores, tem as
suas brigas internas, natural dentro de qualquer partido, mas há uma coisa que
é quase unanimidade - unanimidade é um pouco difícil dentro de um universo tão
grande - é um repúdio ao atual Governo Federal e a toda a sua política, seja
econômica, social, de salário mínimo, porque em nada o Governo Federal melhorou
ou fez melhor do que os outros governos. Que S. Exa. seja bem-sucedido, PDS
aparte, nas tratativas que faz para compor um novo bloco parlamentar, já que
segundo o seu porta-voz oficial, Frota Neto, o PMDB é oposição na imprensa e
situação no Diário Oficial; fica mamando na teta e vai para o jornal dizer que
é contra para ganhar a simpatia da opinião pública. Segundo opinião do Sr.
Frota Neto, porta-voz do Presidente da República, não é este Vereador que está
dizendo e que isso fatalmente leva o Presidente da República a reformular sua
base de apoio. Não tenho por que me imiscuir em seu Partido; nobre Vereador
Aranha Filho, mas vou cometer, quem sabe, até uma falha fazendo este
comentário, mas acho que o PFL não pode perder esta oportunidade histórica que
se lhe está oferecendo que é de sair deste Governo, e, aí sim, voltarmos às
chamadas forças do centro do País, criarmos um partido de oposição e deixarmos
que o PMDB assuma o Governo, já que a política econômica está na mão do
Governo, a política da Previdência Social está na mão do Governo, então o PMDB
que assuma e o povo depois haverá de julgar.
Não sei, nobre Vereador, se o seu Partido
conseguirá aparar as arestas internas que todos os partidos têm; aqueles que
querem ficar no poder e aqueles que não querem, mas acho que é uma oportunidade
histórica, que a história está oferecendo ao PFL e que ele não tem o direito de
perder.
De nossa parte agradecemos a lembrança, mas
abrimos mão de tal honra e que S. Exa. busque dentro do PMDB, que é seu
Partido, já que ele é o Presidente de honra do PMDB, o apoio que está lhe
faltando e cobre as nomeações, os favores e as benesses que fazem os
parlamentares do PMDB, quem sabe mostrando os nomes à Nação para que saibamos
quem é oposição na imprensa e é situação no Diário Oficial. De parte do PDS, que
Deus o tenha, em nome do nosso espírito cristão, mas politicamente, queremos
distância e bem longa, entre nós e o Presidente Sarney. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Liderança com o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS
BRUM: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Com referência aos pronunciamentos do PFL e do
PDS, a liderança da bancada oportunamente se manifestará, através do Ver.
Flávio Coulon. Agora, rigorosamente, estranho o comportamento do Vereador líder
do PDS, que vem à tribuna dizer que quer distância deste Governo. Eu não posso
dizer que desta água não bebo, mas quem quer distância do PDS somos nós, desde
a implantação da Nova República, retirando PDS e militares do governo. Estou
fazendo um pronunciamento um pouco sério em relação aos recentemente ouvidos na
Casa. Há um convênio entre a Prefeitura de Porto Alegre e a CORSAN, o chamado
Projeto Rio Guaíba, que já foi motivo de uma Comissão de Inquérito nesta Casa,
e que vem prestando grandes desserviços à população de Porto Alegre. Há poucos
dias ouvimos uma manifestação do Ver. Aranha Filho, discutindo tecnicamente o
tipo de tratamento prometido, ou alterado agora, pelas administrações ou pelos
gestores do convênio. O problema é que muitas toneladas de esgoto serão jogadas
no Rio Guaíba, sem qualquer tratamento. Cerca de 50%, provavelmente, dos 2 mil
quilômetros de canos implantados na via pública já estão em condições de ser
utilizados pela população, o que vale dizer que serão dispensadas milhares de
fossas e o esgoto será jogado no meio do Rio Guaíba. Milhares de toneladas
serão jogadas no Rio Guaíba. Isso é uma desconsideração com a população e um
retrocesso muito agudo, muito grave no espírito do convênio. Se o convênio era
realmente para melhorar a situação do Rio Guaíba com as ligações nesses quase
mil quilômetros de rede disponíveis, é provável que muitas toneladas de esgoto
sejam jogadas na água em que nós bebemos. Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
neste convênio estava embutida a construção de estações de tratamento. Nada disto
foi feito. E para surpresa nossa o DMAE mandou cobrança da taxa d’água e junto
mandou a cobrança da taxa de esgoto em vários setores aonde correu este cano do
Projeto Rio Guaíba. Nós sabemos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que para
cada taxa há uma contraprestação. Se cobra uma taxa por um serviço prestado. O
DMAE não prestou serviço algum à população, notadamente do Bairro Bom Jesus,
onde está mandando cobrar a taxa de esgoto. E mais grave é que os engenheiros
que fiscalizaram estas obras advertiam a população de que nem ligassem
clandestinamente e nem solicitassem a ligação sem antes uma estação de
tratamento. E para espanto nosso está aí a cobrança da taxa de esgoto. A
cobrança do serviço que a Prefeitura não está a prestar à população. E pasmem V.
Exas., taxa suplementar de excesso de esgoto. Além da taxa de cobrança do
esgoto normal, ainda tiveram o descaramento de cobrar excesso de esgoto. Mas eu
nunca vi isso na minha vida. Como eu sei que muitos Vereadores não moram em
bairro periférico e essa cobrança indevida, clandestina e safada está sendo
feita daquela gente de baixo poder aquisitivo, eu quero registrar e examino até
a disposição de ingressar na Justiça contra essa cobrança, porque para cada
taxa corresponde um serviço. Aquela história de que a Legislação que autorizou
a implantação de 5 mil quilômetros de esgotos, hoje em mãos do DMAE, liberou
que ao correr o cano estava já em condições de ligação, tudo bem, mas para o
Projeto Rio Guaíba, é diferente. Para o Projeto Rio Guaíba só se liga na rede
implantada por esse Projeto a partir do momento da implantação das estações de
tratamento. Se não há estação de tratamento, não há Projeto Rio Guaíba; se não
há Projeto Rio Guaíba, não há prestação de serviço; se não há prestação de
serviço, não há o que se cobrar. E o que está se cobrando, no mínimo, é roubo à
população. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Fiz uma apreciação, Sr. Presidente, e pediria a atenção da Casa porque o fato
me parece ter relevância, uma checagem em relação ao funcionamento das
Comissões, e cheguei à conclusão de que é um fato absolutamente ilógico. Todas
as Comissões têm freqüência absoluta e na Comissão de Justiça todos os
Vereadores apresentam uma quantificação de faltas enorme, inclusive,
descontadas em folha. O que é que há com a Comissão de Justiça? O que é que há
com as outras Comissões? Eu vou requerer formalmente, agora, já que faço parte
deste Parlamento, que após as reuniões de Comissões, me sejam mandadas as atas das
Comissões, com a freqüência, local e hora onde se realizam, porque não estou
conseguindo entender que é só na Comissão de Justiça que existam faltas. É
apenas isto.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Muito embora fosse o nosso desejo de que houvesse presença plena na CUTHAB, eu
gostaria de informar e esta Presidência o faz através de relatórios mensais à
Presidência da Casa de que, na CUTHAB ocorrem, muitas vezes, faltas e elas são,
exatamente, informadas neste relatório.
Inclusive, na quinta-feira passada, não houve “quorum” para a
realização da sessão, em razão pela qual foi dada ausência, exatamente, a todos
os Vereadores que não se fizeram presentes. O único que naquela oportunidade
compareceu, justiça seja feita, foi o Ver. Paulo Sant’Ana e houve uma Ata
Declaratória de inexistência de “quorum”, registrando a presença do único
Vereador que estava presente.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Mesmo em defesa, inclusive, até dos contribuintes, que sejam descontadas as
ausências em todas as comissões e não só na Comissão de Justiça. Não tem nenhum
regramento que mande atenuar a falta de três Comissões. Eu vou até, em questão
da transparência deste Poder Legislativo em razão aos outros, eu vou requerer
que, inclusive, não seja anistiada falta alguma nas Comissões e que todas as
ausências nas Comissões sejam descontadas nos jetons, porque não é justo,
inclusive, que só a Comissão de Justiça seja contemplada com desconto, porque
eu sei, perfeitamente, que muitas das outras comissões não se reúnem, algumas
até nunca.
O SR. PRESIDENTE: Eu acredito que este
assunto deveria ser tratado, exatamente, pelos Presidentes das Comissões e
pelas lideranças desta Casa. Mas, são assuntos, também, que devem ser tratados
pelas lideranças e pelos presidentes de Comissões. Casa Comissão tem o seu
Presidente e cada Comissão dá o tratamento devido àquelas pessoas que
comparecem, ou não, às reuniões. Portanto cada Comissão sabe, exatamente, de
si. Se a Comissão manda as faltas para a Mesa, a Mesa tem que computar estas faltas.
Se não mandam as faltas para a Mesa, as faltas não são computadas. Eu acredito
que cada Presidente de Comissão, trabalha dentro do seu raio de ação e manda as
informações para a Mesa.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
O Regimento Interno é bem claro: reunião de Comissão é reunião. Não é
recolhimento de voto, açodadamente, nos corredores e no Plenário. Eu quero uma
Ata narrativa das reuniões.
O SR. PRESIDENTE: A reunião de Comissão - V.
Exa. sabe muito bem, Ver. Werner Becker - é tratada exatamente dentro do âmbito
da Comissão, não é o Presidente da Casa que é o responsável pela reunião da
Comissão.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
O Regimento Interno fala em reunião de Comissão. Nem o Presidente, “interna
corporis” da Comissão tem direito de dizer que vai abonar suas faltas sem se
reunir ou recolhendo assinatura em corredor.
Acho que seja razoável que tenha sido descontado da Comissão de
Justiça, nenhuma reclamação. Mas vamos descontar de todo mundo.
O SR. CAIO LUSTOSA (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, no que toca à Comissão de Justiça, quero dizer a V. Exa. que,
desde que assumimos, nós temos por norma, justamente, inclusive atendendo
reclamo do Ver. Werner Becker, de só conceder presença e, portanto, direito a
jeton inclusive a todos os integrantes da Comissão, desde que haja presença
efetiva.
Agora, em relação às outras Comissões eu não posso dizer. Já fui
inclusive, lembrado pelo Ver. Brochado da Rocha de que a Comissão de Justiça é
a que mais registra falta, o que eu vou fazer? O Presidente não pode compelir
as pessoas a comparecer.
Então, aquela aferição de presença e faltas na Comissão de Justiça, é a
que corresponde efetivamente à presença ou ausência dos Vereadores.
Isto poderá criar um impacto ou uma injustiça em relação aos próprios
Vereadores da Comissão de Justiça que têm computadas as faltas e não havendo
este cômputo em outras comissões aí poderá criar um problema.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Na condição de Presidente da Comissão de Urbanismo, Transportes e Habitação
desta Casa reitero ao Sr. Vice-Presidente no exercício da Presidência dos
trabalhos, que ela se reúne normalmente, e quando não se reúne nos momentos
regimentais ela aplica o Regimento Interno. Dá as faltas, e encaminha através
de Relatório as faltas existentes no mês, para a Mesa, que conduz a direção
administrativa dos trabalhos nesta Casa. Conseqüentemente, se existir comissão
que não se reúne nesta Casa e se existe comissão em que corre assinatura fora
das reuniões, eu volto a insistir, não é a sistemática desta Comissão, e eu
acho até que as outras Comissões deveriam informar como é que se concretiza e
como se encaminha o trabalho dessas Comissões, até porque não fiquem dúvidas
sobre o andamento dos trabalhos desta Casa. Como diz muito bem o Ver. Werner
Becker, em defesa, sobretudo, do contribuinte.
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz):
Neste instante fica difícil dar respostas, já que os assuntos tratados são de
âmbito das Comissões. Eu pertenço à CJR; poderia falar por seu trabalho, mas
não poderia falar por nenhuma outra comissão da qual não participo. Somente os
presidentes daquelas comissões poderiam opinar ou relatar.
O SR. WERNER BECKER: Para um requerimento, Sr.
Presidente. (Assentimento do orador.) Requeiro à Mesa formalmente que me sejam
entregues, tenho direito, as Atas de agosto, de todas as Comissões, pois vou
verificar se foram efetuados os descontos às respectivas ausências.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere seu
Requerimento. Encaminhará o Requerimento à Diretoria Legislativa.
O SR. WERNER BECKER: Solicito que sejam,
portanto, entregues em meu Gabinete as Atas de todas as Comissões da Câmara
Municipal de Porto Alegre. Muito obrigado.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Na qualidade de Presidente da Comissão de Educação da Casa, tenho a dizer que
temo-nos reunido normalmente. Quando não há matéria a ser distribuída, nem
votada, fizemos uma Ata Declaratória. É necessário o registro de que a CJR é
uma das que maior volume de processos tem, porque rigorosamente todos processos
passam por lá. Nem todos passam pelas demais. Temos na Comissão de Educação
todas as atas documentadas e temos enviado, ao final de cada mês, o relatório
normal, a exemplo das outras comissões, ao Setor de Comissões, à Diretoria
Legislativa para os procedimentos normais.
O Sr. Werner Becker: Sr. Presidente, solicito
verificação de “quorum”.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa procederá à
verificação de “quorum”. Solicito ao Ver. Clóvis Brum que assuma os trabalhos,
para a verificação de “quorum”, como Secretário “ad hoc”.
(O Sr. Clóvis Brum, Secretário “ad hoc”, procede à chamada nominal dos
Srs. Vereadores para verificação de “quorum”.)
O SR. SECRETÁRIO “AD HOC”: Há 13 Vereadores presentes,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Não há “quorum” para a
Ordem do Dia.
O SR. WERNER BECKER: Peço que sejam oficialmente
e nominalmente registrados os ausentes para o devido desconto.
O SR. PRESIDENTE: Vamos nominar os ausentes.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, eu entendo que seria interessante encaminhar à Comissão de
Justiça essa questão. Entendo que o Requerimento do Ver. Werner Becker
improcede, na medida em que as faltas são, realmente, contadas às terças e
quintas-feiras quando em comissões. De forma que, quando começam as Sessões
normais, essas mesmas faltas não são computadas.
O SR. PRESIDENTE: Segunda, quarta e
sexta-feira, é no Plenário, durante a Ordem do Dia, e terças e quintas-feiras é
nas Comissões.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Eu acredito que até a Sessão de hoje está prejudicada, porque conforme espelho
existe Pauta. Por isso, acho interessante que V. Exa. encaminhasse essa questão
à Comissão de Justiça.
O SR. PRESIDENTE: Não existem apenas projetos
a serem votados, mas existem Votos de Congratulações, existem Votos de Pesar.
O SR. RAFAEL SANTOS (Questão
de Ordem):
Não consta, no espelho, Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: A Sessão normalmente
transcorre assim: logo após o Grande Expediente vem a Ordem do Dia e na Ordem
do Dia são feitas as votações. Mas existe a Ordem do Dia, porque existem as
votações a serem feitas. Não existe no espelho, apenas.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Existem Processos correndo Pauta. Se existem Processos correndo Pauta, existe
Ordem do Dia. A contradição seria entender que as Sessões de segundas, quartas e
sextas-feiras podem ser facultativas, as Sessões Plenárias, e as sessões de
Comissões, não. É evidente que não tem nenhum sentido. As Sessões Plenárias são
sempre obrigatórias.
O SR. PAULO SANT’ANA
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, para efeito de presença do Vereador, o Regimento diz
que as terças e quintas-feiras serão contadas ou descontadas nas Comissões
Permanentes. As segundas, quartas e sextas-feiras nas Sessões de Plenário.
Mesmo que não haja Ordem do Dia, o Vereador terá que estar presente ou será
descontado do jeton. Está escrito no Regimento. Segundo, hoje não há Ordem do
Dia, mesmo assim tem que ser contada ou descontada a presença dos Vereadores.
Terceiro ponto, não havendo Ordem do Dia, não podem ser votados os
Requerimentos, porque os Requerimentos fazem parte constante da Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: Eu posso entender, por
exemplo, que os Votos de Congratulações são as outras matérias que constam na
Ordem do Dia, hoje. Não existe em local nenhum, aqui, que tem que constar no
espelho para ter Ordem do Dia. Não tem que constar do espelho. Nós sabemos que
o ritual da Sessão se transcorre exatamente assim: o Grande Expediente e, logo
após, a Ordem do Dia. A não ser que haja uma votação do Plenário, invertendo
esta ordem ou fazendo com que esta ordem seja modificada de alguma forma.
Agora, a Ordem do Dia existe.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, efetivamente, tem Ordem do Dia, e o Regimento define com
precisão a ordem em que são votadas as matérias constantes na Ordem do Dia. O
espelho é um documento que nos facilita o manuseio dos Projetos e Processos.
Quando chega nos requerimentos, estão ali na Mesa. Então, há Ordem do Dia.
Conferido o “quorum” para o funcionamento dos trabalhos e discussão de Pauta.
O SR. PRESIDENTE: Esta é uma matéria que está
na Comissão de Justiça, e enquanto esta não a analisar...
O SR. CLÓVIS BRUM: A Pauta não, a Ordem do Dia
sim.
O SR. PRESIDENTE: Não quero interromper a sua
Questão de Ordem, Ver. Clóvis Brum, apenas quero esclarecer que existe na
Comissão de Justiça também esta consulta.
O SR. CLÓVIS BRUM: A consulta é minha e é com
referência à verificação da Ordem do Dia. Eu questiono se para a discussão da
Pauta não precisa...
O SR. PRESIDENTE: Nós chegamos à Ordem do Dia
e não houve “quorum” para que pudéssemos entrar em votação. (Aparte inaudível.)
Acontece que ninguém pediu inversão. Nós entramos na Ordem do Dia e não houve
“quorum” para continuarmos a Sessão. E houve um requerimento do Ver. Werner
Becker solicitando que os Vereadores que estiverem ausentes...
O SR. CLÓVIS BRUM: Quero só concluir a minha
Questão de Ordem. Efetivamente, a Pauta ocorre após a Ordem do Dia, entramos no
período da Ordem do Dia, não fizemos chamada e não havia dezessete Vereadores.
Bom, por uma decisão da Mesa se levantam os trabalhos e a minha Questão de
Ordem é de que para a discussão da Ordem do Dia não necessitamos de dezessete
Vereadores e sim para a votação.
O SR. PRESIDENTE: É exatamente esta a
questão.
O SR. CLÓVIS BRUM: E entendo também que a
Sessão entrou na Ordem do Dia.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Exatamente com o objetivo de proceder à devida interpretação do Regimento, na
condição do Presidente de uma Comissão desta Casa, a Comissão de Urbanismo,
Transporte e Habitação, indago de V. Exa. o seguinte: havendo reunião marcada
desta Comissão para o dia de amanhã, na forma regimental, às 16 horas, e no
mesmo momento havendo uma Sessão Solene, para entregar o título de Cidadão
Emérito de Porto Alegre ao Sr. Luís Carlos Prestes, eu indago de V. Exa. como
deve esta Presidência proceder, para dar a presença ou não aos membros da
Comissão, uma vez que, nas terças e quintas-feiras, a presença é dada em
Comissão. Mas, havendo um outro evento na Casa, como deve proceder esta
Presidência.
O SR. PRESIDENTE: Eu respondo a V. Exa. que
esta questão somente pode ser tratada pelos Presidentes de Comissão e pelas
Lideranças da Casa. Esta Presidência, que eventualmente está aqui presidindo
estes trabalhos, não lhe pode responder.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem): Eu
entendo que a Mesa dos trabalhos conduz administrativamente o andamento dos
trabalhos desta Casa. A Comissão Permanente é um dos trabalhos do Legislativo
desta Casa. Então, eu questiono V. Exa. sobre como proceder em face disto. E V.
Exa., como Vice-Presidente desta Casa, deve-me responder.
O SR. PRESIDENTE: Eu vou-lhe responder. Diz o
art. 35 do Regimento Interno que as Comissões Permanentes reunir-se-ão às
terças e quintas-feiras, na hora pré-estabelecida. Eu lhe digo que, como
Presidente da Comissão, e querendo estar presente na Sessão Solene, que V. Exa.
estabeleça uma outra hora para a reunião da Comissão e assim estará solucionado
o problema.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Mas é um direito costumeiro, assentado nesta Casa, das Comissões se reunirem às
16 horas e V. Exa. sabe que um direito costumeiro tem força de Lei, a menos que
invertamos os trabalhos totais desta Casa.
O SR. HERMES DUTRA (Questão
de Ordem):
Como eu estava na Presidência da Casa, tratando um assunto de interesse da
Câmara ausentei-me, no exato momento em que se fazia a chamada dos Vereadores.
Solicito que seja registrada a presença deste Vereador, que está aqui desde
quinze minutos após a abertura da Sessão.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Com todo o respeito ao Ver. Hermes Dutra, eu acho que o seu motivo não
satisfaz, porque muitas faltas deste Vereador foram colocadas quando eu estava
a serviço na Casa, ou até fora da Casa, para o Legislativo. Eu acho que a
presença, na Ordem do Dia, é a presença dentro do Plenário.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Para um registro e uma declaração. O registro é que, no espelho de hoje, não
existe Ordem do Dia e a declaração parte deste Vereador, informando que o Ver.
Ignácio Neis, ao ver o espelho, disse: “não tem Ordem do Dia, vou até o
Prefeito resolver um problema”. Quero deixar registrado que o Ver. Ignácio Neis
deve estar com o Sr. Prefeito, porque, reparando o espelho de hoje, verificou
que não existe Ordem do Dia no dia de hoje.
O SR. PRESIDENTE: O entendimento que temos
até o momento é que, de acordo com o Regimento Interno, as questões tratadas na
Ordem do Dia, são todas aquelas questões já citadas e mais o último item, que
diz, outras matérias, votos de congratulações, de pesar e os requerimentos estão
aqui; todos esses itens fazem parte da Ordem do Dia; portanto, foi uma
interpretação pessoal, do Ver. Ignácio Neis, de que hoje não haveria Ordem do
Dia, mas a Ordem do Dia existe.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Por não ser advogado, ou jurista me falta o termo no momento, mas é aquela
questão do costume, é costume constar no espelho a Ordem do Dia. De forma que
requereria a V. Exa. que nas 2ª, 4ª e 6ª-feiras não esquecesse de colocar Ordem
do Dia no espelho.
O SR. PAULO SANT’ANA
(Questão de Ordem): O art. 100, diz que a Ordem do Dia será organizada observando-se a
seguinte prioridade - e fala em todos os itens da Ordem do Dia, requerimentos e
outras matérias; art. 101 diz que com o mínimo de 48 horas antes de sua
inclusão na Ordem do Dia, a matéria, a matéria da Ordem do Dia será distribuída
em avulso. Está escrito.
O SR. PRESIDENTE: Está escrito no art. 101:
“Com o mínimo de 48 horas antes de sua inclusão na Ordem do Dia, a matéria será
distribuída em avulsos que conterão: I - as proposições; II - as emendas; III -
os pareceres; IV - os demais elementos que a Mesa considerar indispensáveis ao
esclarecimento do Plenário”. Não diz que são todos os assuntos. Não podemos
colocar em Ordem do Dia porque não se pode colocar no anúncio os Votos de Pesar,
os Votos de Congratulações, e todos os Requerimentos. É impossível, e isto
consta da Ordem do Dia.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Reforçando a solicitação do Vereador Werner Becker, de acordo com o art. 71,
parágrafo único, solicito chamada nominal.
O SR. PRESIDENTE: Já foi feita e foi
verificada a inexistência de “quorum”.
O SR. CLÓVIS BRUM: Solicito a aplicação do
parágrafo único do art. 71.
O SR. PRESIDENTE: Diz o art. 71: “A
declaração de “quorum”, questionada ou não, será feita pelo Presidente após a
chamada nominal dos Vereadores. Parágrafo único - Verificada a falta de
“quorum” para votação da Ordem do Dia, a sessão será levantada, perdendo o
Vereador ausente a parte variável da remuneração do dia”.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Mais uma vez eu digo a V. Exa.: não há Ordem do Dia hoje.
O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças
dos Vereadores Aranha Filho, Caio Lustosa, Isaac Ainhorn, Cleom Guatimozim,
Clóvis Brum, Kenny Braga, Hermes Dutra, Flávio Coulon, Paulo Sant’Ana, Rafael
Santos, Werner Becker e deste Vereador. Não há “quorum”. Estão encerrados os
trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 16h58min.)
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